A íntima relação entre o complexo e a cidade de Juiz de Fora foi o ponto de partida para a proposta, conscientes de que o direito à cidade passa também pelo direito à memória e a cultura, sendo assim, pelo direito à arquitetura. Nesse sentido, o partido do projeto privilegiou as relações e o rebatimento do traçado urbano do centro de Juiz de Fora na configuração histórica do Complexo Mascarenhas. Na área do edifício, a confluência entre a quadrícula regular do centro tradicional (eixo da tradição) e o corte diagonal feito pela Avenida Getúlio Vargas (eixo da modernidade) informam o novo traçado do conjunto edificado e da Praça Antônio Carlos, que ganham maior integração. Os novos acessos do conjunto eliminam a noção de “fundo” e permitem a fruição mais contínua dos espaços da nova Fábrica Mascarenhas.

Essa condição fica clara, sobretudo, na proposta para o Salão Mascarenhas. Os alinhamentos das paredes internas desse peculiar setor do edifício do Mercado Municipal correspondiam exatamente aos principais eixos que definiram o traçado da cidade ao longo do tempo e que contam a história do seu processo de modernização. O resultado da proposta se aproveita destas convergências para reconstituir fragmentos da arquitetura e da cidade, da história e do espaço, que foram se perdendo ao longo do processo de modernização, como no caso das mudanças na Praça Antônio Carlos. Elas adaptaram a cidade a novas demandas da modernização, mas tiveram como consequência a separação de elementos que estreitaram as relações entre os edifícios e a cidade que passaram a ser percebidos como fragmentos descontextualizados.

Info:

Status: Projeto

Ano Projeto: 2020

Local: Juíz de Fora, Rio de Janeiro, Brasil.

Equipe: Rafael Lamary, Ana Maciel, Tiago Brito, Luís Milan, Frederico Costa, Henrique Reis.

Premiação: 3º Lugar no Concurso de Requalificação do complexo cultural Fábrica Mascarenhas